Paulo Vaz morreu aos 37 anos após ataques transfóbicos
Ser homosexual no te libra de reproducir lo peor de este sistema patriarcal, heterosexista y cisgenerista. Nos debemos una reflexión profunda.
A morte do policial e ativista trans Paulo Vaz expõe a urgência de pensarmos sobre nossas atitudes
Na noite da última segunda-feira (14), tivemos a triste notícia da morte do policial e ativista trans Paulo Vaz . O mineiro de 38 anos cometeu suicídio.
Falar sobre o tema é um assunto muito delicado. Sabemos que os motivos que levam uma pessoa a tirar a própria vida podem ser vários, muitas vezes sem qualquer tipo de sinal. Por isso debater saúde mental é tão importante, principalmente sobre atitudes que podem levar a um ato tão extremo.
Um dia antes de Paulo morrer, aconteceu algo nas redes sociais que pode ter sido um gatilho para ele. Por um motivo que não vem ao caso, o policial começou a receber uma enxurrada de ataques transfóbicos, principalmente pelo fato dele ser um homem com vagina.
Eu acompanhei estes ataques e o que mais me chocou foi o fato de que a maioria veio de pessoas da comunidade LGBTQIA+, principalmente de homens gays cisgêneros (aqueles que se identificam com o gênero de nascença). E ai me pergunto: como pode no país que mais mata pessoas LGBTs no mundo, que tem um presidente que foi eleito com um discurso de ódio à essa população, ter a própria comunidade se atacando deste jeito? E aí te convido para pensarmos juntos sobre esse tema.
Lembrando que neste texto eu não generalizo a comunidade gay nem apago a luta de muitos militantes por direitos da comunidade LGBTQIA+. Estamos falando de uma visão macro desta população, a qual eu faço parte.
O patriarcado gay
Vivemos em uma sociedade patriarcal, na qual o homem é valorizado e privilegiado. A ideia de ser homem passa pelos signos que foram criados sobre a masculinidade. Só é homem quem tem pênis, de preferencia grande, é musculoso, sem sentimentos, rude, alto, bravo, caçador, protetor e por ai vai.
Essa ideia é disseminada através da igreja, da cultura e dos costumes. Desde os tempos antigos até os atuais, ela faz parte do cotidiano da maioria da população. E isso é muito perigoso, pois ao mesmo tempo que o número de feminicídio só aumenta, pois a violência é uma das características desse comportamento, o número de suicídio entre homens também é superior, o que mostra como esse modelo de sociedade prejudica a todos.
E quando falamos da comunidade gay, esse comportamento patriarcal se mantém. Hoje se você entrar em qualquer aplicativo de encontros, destinados à esse público, encontrará com facilidade discursos que mostram isso. Homens colocam como regras que só saem com homens discretos (não afeminados), fora do meio, altos e musculosos. Ou seja, tem que ser tudo que uma sociedade patriarcal espera de um homem para poder ser desejado. E nas festas e bares o comportamento não é diferente.
Quem foge deste modelo de masculinidade é jogado à margem dentro do comunidade, e isso inclui pessoas afeminadas, gordas, magras, pobres (afinal, homem precisa ser poderoso) e transexuais. O racismo também é trazido para dentro do movimento e as bixas pretas também são marginalizadas. As letras da cantora Linn da Quebrada mostram muito bem isso.
Fonte: https://queer.ig.com.br/2022-03-17/caro-homem-gay--seus-gostos-e-opinioes-estao-matando-gente.html